quarta-feira, 18 de junho de 2008

Globalilização,qualidade de vida e educação

Globalização e qualidade de vida são palavras relativamente novas em nossos dicionários, porém representam fenômenos e paradigmas que deveriam ser entendidos e amplamente discutidos não só nos meios acadêmicos, políticos e empresariais, mas por toda a população, pois representam processos e construtos ideológicos que, direta ou indiretamente, afetam dramaticamente o nosso modo de vida e as perspectivas de bem-estar, não só de nossa, mas também das futuras gerações.
Esses construtos ideológicos, ao se tornarem paradigmas, ditam o nosso modo de perceber a realidade. Santos (2003), por exemplo, verificou que entre os acadêmicos de graduação de cursos tecnológicos – cursos que por suas características específicas, geralmente, apresentam uma tendência ideológica mais positivista e neoliberal – a concepção e percepção de qualidade de vida se reduz à conquista de bens materiais e status social sem maiores reflexões sobre as conseqüências disso para a sociedade, ou seja, uma busca egoísta de ascensão social e poder através de conquistas materiais sem reflexão sobre a responsabilidade social de cada um.
Estudiosos afirmam que a globalização é um processo irreversível que trás sérias mudanças socioeconômicas em dimensões planetárias. Ela é definida como a integração entre os mercados produtores e consumidores de diversos países (CARVALHO, 1999). Todavia, essa é uma definição simplista para um fenômeno complexo e multidimensional que apresenta diversos paradoxos nem sempre bem compreendidos e que dificultam a sua avaliação sobre as conseqüências para a qualidade de vida dos indivíduos e das sociedades. Não é difícil constatar que a integração de mercados altera o modo de vida das pessoas, suas ambições, suas perspectivas, seus desejos de consumo e reconhecimento. Richars (1991) afirma que através da propaganda de massa, novos produtos invadem nossas casas diariamente... Tudo se torna efêmero, descartável e a posse desses produtos – sempre os mais modernos – torna-se uma forma de exibição de status social. Dessa forma, percebe-se que a globalização é um fenômeno maior que a simples e inocente integração de mercados. Ela um processo que denota uma competição pela conquista de novos mercados por meio da difusão de massa de valores como o individualismo e o materialismo para a conquista de poder que, por sua vez, tenta impor a todas as nações, uma cultura global de interesse ao capitalismo e que se reflete no modo como as pessoas percebem e entendem suas perspectivas de qualidade de vida. Entende-se aqui, qualidade de vida como uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera como seu padrão de conforto e bem-estar, ou seja, a percepção de suas necessidades objetivas e subjetivas (MINAYO et all, 2000).
Avaliar a qualidade de vida é sempre uma missão penosa, pois se trata de um constructo que apresenta diversas facetas que se integram e interagem com as necessidades e desejos de cada indivíduo dentro de limites impostos culturalmente e que são profundamente influenciados pelas condições socioeconômicas de cada camada da população (ASSUMPÇÃO et all, 2000; FLECK et all, 1999). Assim, parâmetros subjetivos (bem-estar, felicidade, amor, prazer, inserção social, liberdade, solidariedade, espiritualidade, realização pessoal) e objetivos (satisfação das necessidades básicas e das necessidades criadas pelo grau de desenvolvimento econômico e social de determinada sociedade: alimentação, acesso à água potável, habitação, trabalho, educação, saúde e lazer) se interagem dentro da cultura para constituir o que consideramos qualidade de vida.



http://www.espacoacademico.com.br/061/61santos_joao.htm

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